Os Diferentes e a Liberdade.
Vivi experiências assim. Conta a história que meu pai também tinha vergonha de que eu estivesse por perto junto com os amigos dele, por causa da minha surdez e voz (na época minha voz era pior que hoje) e da criança inconsequente que fui. Houve uns episódios vergonhosos por parte dele que se eu tivesse mais idade, poderia me lembrar, mas o fato é que foram contados pela minha mãe com a mais pura verdade.
O que foi feito? Só o tempo. O tempo fez com que meu pai reconhecesse que eu tinha algo muito mais que especial que ele não ousara enxergar antes. Aprendeu a me amar como surda um pouco mais tarde, isto é a verdade.
Mas reconheço que a causa maior de luta não deve ser o repúdio à diferença nem a proteção a ela. Deve ser dado garantias à liberdade de ir e vir, assim que o diferente exija mostrando-se apto a ela. Um movimento em prol da liberdade para todas as deficiências. Defendo o princípio de que todas as pessoas deficientes têm que ser criadas para ser livres. Livres para tomarem seus próprios atos e atitudes e não presos ao comodismo familiar! Não é nada fácil, mais por pura questão de desinformação. Desinformação é pior que o preconceito, vocês sabem muito bem disso. Queria mesmo poder fazer algo por adultos que ainda se sentem presos em suas casas, sem opções, sem se apoderarem de suas vidas, sempre alguém dizendo o que fazer... Vamos discutir o problema de como se passa dentro de casa por sermos diferentes?
Abraços a todos, Anahi.
Extraído da "Lista Vital", hoje "Porta de Acesso".