As Amarras da Superproteção.

23/11/2001 - Elis Regina.

Gostaria de falar sobre família, sobre a superproteção (exagerada). Quero falar aqui como filha e com experiência própria, e sabendo que temos vários pais aqui de crianças com deficiência.

Chego aos 33 anos pensando no que acarreta nos filhos a superproteção. Não estou aqui criticando meus pais. Pelo contrário, eles são pessoas maravilhosas, os amo muito e agradeço muito a Deus o que eles fizeram por mim. Mas eles acabaram tirando toda minha liberdade, todo meu livre arbítrio.

Falar da minha mãe é realmente muito difícil para mim. Ela é a pessoa que mais amo neste mundo mas que acaba, às vezes, me sufocando. Ela é muito sistemática, acha que se eu sair para algum lugar sozinha posso cair por minha falta de equilíbrio, que posso morrer, posso ser assaltada e alguém me levar. Conhecer pessoas sozinha ela acha perigoso, sem falar que sempre me proibiu de andar de ônibus, táxis, etc...

Quando converso com ela a respeito deste assunto, amigos, sempre sai "briga". Ela fica realmente super nervosa, às vezes até sua pressão aumenta!!! Aí, com certeza, eu paro porque não adianta discutir. Ultimamente ela tem dito muito: "então vai sozinha vai, faça o que você quiser". Mas vocês sabem bem como ela fala!!!

Digo uma coisa a vocês: a superproteção acarreta um grande medo que hoje sinto de enfrentar o mundo lá fora, de sair por aí e ir atrás dos meus objetivos, da minha aceitação perante a sociedade, da aceitação de mim por mim mesma e da minha auto confiança... o que vocês, amigos, pensam sobre isso???


Obs.: para os que não me conhecem, tenho paralisia cerebral.