Inclusão Econômica e Trabalho da Pessoa com Deficiência.

06/06/2008 - Edílson Henoch da Silva.

Meu nome é Edílson. Minha profissão: Digitador. Vocês não imaginam com que alegria eu falo minha profissão e que hoje eu estou empregado. Porque o trabalho, para uma pessoa com deficiência física, não significa somente salário ao final de cada mês, mas sim, liberdade, dignidade, igualdade, autoconfiança, auto-estima e sobretudo, sentimento de utilidade.

Vou explanar um pouco de minha história para vocês. Há 12 anos, já com 2º grau completo e com um curso de informática básica, comecei a tentar me engajar no mercado de trabalho, numa época em que as portas para a pessoa com deficiência física eram fechadas sem dó nem piedade. Ou quem sabe, fechadas por dó e por piedade.

A pessoa com deficiência que conseguia um emprego era considerada um herói e ídolo para os outros com deficiência que também sonhavam com esse momento. Depois de muitas tentativas frustradas, certo dia ouvi falar de uma empresa, do outro lado da cidade, que estava oferecendo uma oportunidade e queria um trabalhador com deficiência em seu quadro de funcionários.

Sem perder tempo, fui ao encontro dessa empresa chamada DSF IRRIGAÇÃO LTDA, para uma entrevista de emprego, contando com o apoio de pessoas muito especiais. Senti que aquele momento era especial, e que minha vida jamais seria a mesma. O empresário, o gerente e os responsáveis realmente queriam dar uma chance a uma pessoa com deficiência.

Nesta empresa, amadureci, cresci imensamente como profissional e como pessoa, e minha jornada durou três anos e sete meses. Em 1998, pessoas da DSF IRRIGAÇÃO fundaram outra empresa chamada PROJETAR IRRIGAÇÃO e me convidaram para fazer parte da equipe. Era meu 2º emprego.

Já estou na PROJETAR IRRIGAÇÃO há 8 anos e 7 meses. hoje sou uma pessoa auto-suficiente, habilitado para dirigir automóveis, casado, com uma vida totalmente independente e contribuindo com o governo, obedecendo todas as leis fiscais, graças as pessoas que acreditaram, que deram uma chance, e graças a mim, que agarrei com unhas e dentes essa oportunidade, me esforçando a cada dia, apesar das dificuldades, principalmente de transporte.

E é com muito orgulho, que mostro a todos que eu só precisei de uma chance e que a sociedade não precisa enxergar na pessoa com deficiência somente uma pessoa que necessita de cuidados especiais, mas sim um ser humano como qualquer outro, com direito a vida, igualdade e liberdade, conseguida em grande parte pelo trabalho.

Fico na esperança que experiências iguais a minha sejam uma constante e que, cada vez mais, o mercado de trabalho se abra para a pessoa com deficiência. Conquistas foram conseguidas, mas, há muito ainda por fazer e conquistar.

Não queremos piedade, não queremos ser tutela do estado, queremos emprego, queremos acessibilidade para chegar ao trabalho, sem humilhações, sem quedas pelo caminho, sem precisar da boa vontade de quem passa pela rua para nos ajudar.

Também queremos sim, poder constituir e sustentar nossas famílias com dignidade, crescer profissionalmente, quebrando preconceitos e contribuindo com a sociedade, dando orgulho a nossos pais e todos aqueles que lutaram e que lutam pelos direitos da pessoa com deficiência.

Obrigado a todos.


Edílson Henoch da Silva. SEST SENAT - Petrolina - PE - 27/05/2008.