Livox: software de comunicação por imagens

12/11/2012 - Diário de Pernambuco

Não conseguir se comunicar irrita muita gente. Apesar de tantos avanços tecnológicos, às vezes a operadora de telefonia não oferece um bom sinal, a bateria do celular acaba, o telefone de casa fica mudo ou você não pode nem mandar um e-mail porque está sem internet. Tudo isso é motivo para tirar a paciência de alguém. Agora imagine as pessoas que por uma um doença ou por uma sequela de um acidente, por exemplo, não conseguem se expressar plenamente. Pensando nestas dificuldades, o analista de sistemas Carlos Pereira desenvolveu o Livox, um aplicativo para tablets que permite às pessoas com deficiência se comunicarem. O app está disponível para aparelhos com sistema operacional Android e, em breve, será liberado para quem tem iPad. Além disso, o software está sendo atualizado para aqueles que só poderão operá-lo através dos olhos.

Clara manuseia o app no tablet para dizer aos pais o que quer fazer através das imagens. A comunicação através do Livox, primeiro programa de comunicação alternativa para tablets em português do mundo, acontece a partir de toques em imagens apresentadas na tela do tablet. O app foi desenvolvido por Carlos após ele perceber o quão trabalhoso era para a filha dele, que nasceu com paralisia cerebral, se expressar a através de um fichário cheio de imagens. Era preciso passar página por página e mostrar várias fotos ou desenhos para que Clara, hoje com 5 anos, conseguisse dizer o que queria. “A experiência com a tecnologia inclusiva começou com um celular, onde ela respondia nossas perguntas na tela com simples 'sim' ou 'não'”.

Tela sim (à esquerda) ou não (à direita) do aplicativo Livox. Assim, ao abrir o Livox, a tela apresenta quadrinhos com informações sobre necessidades, emoções, o que comer, brincar ou até mesmo iniciar a exibição de vídeos ou filmes. É só clicar nos desenhos ou nas fotos que o app “fala” pelo usuário. “O Livox já vem com 12 mil imagens e ainda permite a inclusão de mais. Isso é possível através da câmera do próprio tablet ou da inserção de quaisquer outros itens”, conta Carlos.

Sequência de imagens expressando emoções: com medo, entediado, com fome, feliz, com dor e triste. Além disso, o aplicativo é intuitivo e pode ser alterado para suprir melhor as necessidades de quem usa. “É possível determinar a quantidade de quadrinhos apresentados na tela”, diz Carlos. O app também leva em consideração as possibilidades de toque dos usuários. O clique na tela do tablet pode ser com os dedos, com uma mão fechada ou através de um dispositivo chamado de acionador. Vai depender das possibilidades do usuário.

Imagens para alimentação:  mingau, pão, ovo frito, mortadela, queijo e bolacha. O Livox é indicado para pessoas com paralisia cerebral, autismo, esclerose, sequelas de acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo. O app também pode ser usado por pessoas temporariamente impossibilitadas de falar, como quem foi submetido a uma traqueostomia, em que a respiração é feita a parti de um orifício feito na traqueia. Assim, o software não fica restrito ao lar do usuário, podendo ser usado também em escolas e hospitais.

Por isso, para atingir um maior número de pessoas, Carlos, com consultoria de fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais, desenvolveu o app para o sistema operacional Android. Desta forma, conseguir comprar um tablet fica menos difícil, já que a plataforma criada pelo Google está disponível em dispositivos mais baratos. Ainda assim, o Livox terá uma versão para iOS, sistema operacional encontrado no iPad, da Apple.

Escolha da quantidade de quadrinhos na tela. Além da nova versão para o tablet mais famoso do mundo, Carlos trabalha em dois novos Livox. Um especialmente para aqueles que se comunicam através do piscar dos olhos e uma atualização para a versão já disponível, que levará em consideração o contexto do usuário. “Serão usadas informações como horário. Está na escola? Serão apresentados primeiramente quadrinhos com atividades específicas”, diz Carlos.

Para obter o Livox, o analista de sistemas requer ajuda dos profissionais que já fazem parte dos cuidados com os usuários. É preciso trabalhar com terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos, por exemplo, e levar em consideração as necessidades da pessoa que vai usar. Por isso, o app, mesmo sendo gratuito, não está disponível para ser baixado na loja de aplicativos Google Play.


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Fonte: Diário de PernambucoSite Externo..