Livox: software de comunicação por imagens
Não conseguir se comunicar irrita muita gente. Apesar de tantos avanços tecnológicos, às vezes a operadora de telefonia não oferece um bom sinal, a bateria do celular acaba, o telefone de casa fica mudo ou você não pode nem mandar um e-mail porque está sem internet. Tudo isso é motivo para tirar a paciência de alguém. Agora imagine as pessoas que por uma um doença ou por uma sequela de um acidente, por exemplo, não conseguem se expressar plenamente. Pensando nestas dificuldades, o analista de sistemas Carlos Pereira desenvolveu o Livox, um aplicativo para tablets que permite às pessoas com deficiência se comunicarem. O app está disponível para aparelhos com sistema operacional Android e, em breve, será liberado para quem tem iPad. Além disso, o software está sendo atualizado para aqueles que só poderão operá-lo através dos olhos.
A comunicação através do Livox, primeiro programa de comunicação alternativa para tablets em português do mundo, acontece a partir de toques em imagens apresentadas na tela do tablet. O app foi desenvolvido por Carlos após ele perceber o quão trabalhoso era para a filha dele, que nasceu com paralisia cerebral, se expressar a através de um fichário cheio de imagens. Era preciso passar página por página e mostrar várias fotos ou desenhos para que Clara, hoje com 5 anos, conseguisse dizer o que queria. “A experiência com a tecnologia inclusiva começou com um celular, onde ela respondia nossas perguntas na tela com simples 'sim' ou 'não'”.
Assim, ao abrir o Livox, a tela apresenta quadrinhos com informações sobre necessidades, emoções, o que comer, brincar ou até mesmo iniciar a exibição de vídeos ou filmes. É só clicar nos desenhos ou nas fotos que o app “fala” pelo usuário. “O Livox já vem com 12 mil imagens e ainda permite a inclusão de mais. Isso é possível através da câmera do próprio tablet ou da inserção de quaisquer outros itens”, conta Carlos.
Além disso, o aplicativo é intuitivo e pode ser alterado para suprir melhor as necessidades de quem usa. “É possível determinar a quantidade de quadrinhos apresentados na tela”, diz Carlos. O app também leva em consideração as possibilidades de toque dos usuários. O clique na tela do tablet pode ser com os dedos, com uma mão fechada ou através de um dispositivo chamado de acionador. Vai depender das possibilidades do usuário.
O Livox é indicado para pessoas com paralisia cerebral, autismo, esclerose, sequelas de acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo. O app também pode ser usado por pessoas temporariamente impossibilitadas de falar, como quem foi submetido a uma traqueostomia, em que a respiração é feita a parti de um orifício feito na traqueia. Assim, o software não fica restrito ao lar do usuário, podendo ser usado também em escolas e hospitais.
Por isso, para atingir um maior número de pessoas, Carlos, com consultoria de fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais, desenvolveu o app para o sistema operacional Android. Desta forma, conseguir comprar um tablet fica menos difícil, já que a plataforma criada pelo Google está disponível em dispositivos mais baratos. Ainda assim, o Livox terá uma versão para iOS, sistema operacional encontrado no iPad, da Apple.
Além da nova versão para o tablet mais famoso do mundo, Carlos trabalha em dois novos Livox. Um especialmente para aqueles que se comunicam através do piscar dos olhos e uma atualização para a versão já disponível, que levará em consideração o contexto do usuário. “Serão usadas informações como horário. Está na escola? Serão apresentados primeiramente quadrinhos com atividades específicas”, diz Carlos.
Para obter o Livox, o analista de sistemas requer ajuda dos profissionais que já fazem parte dos cuidados com os usuários. É preciso trabalhar com terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos, por exemplo, e levar em consideração as necessidades da pessoa que vai usar. Por isso, o app, mesmo sendo gratuito, não está disponível para ser baixado na loja de aplicativos Google Play.
Livox - http://www.agoraeuconsigo.org.
Fonte: Diário de Pernambuco.