Hora da Notícia - Síndrome de Down.

12/10/2007 - Fábio Adiron*

Já há algum tempo vimos discutindo aqui em casa qual seria o melhor momento para contar às crianças (Samuel 8 e Letícia 6) que o Samuel tem Síndrome de Down. Apesar do assunto já ter passado ao lado deles várias vezes (basta olhar a minha estante...risos), inclusive quando eles foram para o Congresso em Itabuna, a curiosidade nunca tinha surgido explicitamente - e nós entendemos que as dúvidas devem ser resolvidas à medida que surgem.

Mas nesse final de semana, em Serra Negra (durante o FRISCAP**), a Letícia teve uma conversa com uma outra menina que estava lá no hotel, a menina dizia que o Samuel tinha SD e a Letícia dizia que não. Concluímos que o momento tinha chegado.

Agora há pouco tivemos uma "conversa séria". Explicamos para eles o que era a síndrome de Down (os 47 cromossomos ao invés de 46), que esse cromossomo a mais atrapalhava algumas coisas (mas não entramos no discurso deficitário), que eram feitas mais devagar e fizemos um jogo do que eles tinham diferente um do outro. Também explicamos que, muitas vezes, as pessoas acham que quem tem SD não vai conseguir fazer as coisas e acabam não dando a chance deles aprenderem - e aí, eles não aprendem mesmo. Conversamos sobre as atividades do Samuel e descobrimos juntos que ele não deixa de fazer nada que as outras crianças fazem.

Por fim, pegamos o livro "La vida con Síndrome de Down" (um livro que mostra um dia na vida de pessoas com SD, com idades variando de 4 meses a 55 anos) e eles foram vendo as imagens das crianças, dos jovens e dos adultos, em atividades como qualquer outra pessoa: brincadeira, escola, trabalho, namoro... Lá vimos também que as pessoas com SD muitas vezes tem traços comuns, mas que nem todos tem todos os traços.

O único incômodo que foi gerado é que a Letícia ficou com o orgulho ferido de saber que a menina do hotel tinha razão e ela não. Mas brincou de tentar achar o cromossomo a mais no pescoço do Samuel e fez um desenho do Samuel com um monte (47) pintinhas... De resto não tivemos nenhum stress (exceto o nosso, é claro !) . Ah....e explicamos porque chama Down (o cara tinha um nome bem difícil de ler).

Claro que agora as cabeças vão processar tudo isso e surgirão novas perguntas. Mas acho que passamos mais uma etapa (pelo menos como pai e mãe).


* Inclusão ampla, geral e irrestrita.
Grupo Síndrome de Down: http://br.groups.yahoo.com/group/sindromededownSite Externo.
** - FRISCAP - Fórum Regional de Inclusão Social do Circuito das Águas Paulistas.