A importância do soroban
Margareth Oliveira Olegário 2
A importância do SOROBAN no ensino de matemática para crianças e jovens com deficiência visual
O objetivo desse texto é trazer para o conhecimento de todos a importância do soroban no ensino de matemática para deficientes visuais. O soroban (que também pode ser escrito: sorobã) é um recurso utilizado para o ensino aprendizagem da matemática, que costuma ser usado pelos deficientes visuais para a realização das operações aritméticas. Porém, cabe salientar que esse recurso pode ser utilizado por pessoas que enxergam, por pessoas com deficiência visual, assim como, por pessoas que possuem outras deficiências, pois como se trata de um recurso concreto e que utiliza o tato como principal receptor, pode auxiliar pessoas com outras deficiências.
Por ser um instrumento palpável, o soroban possibilita a efetuação da conta matemática de forma mais concreta, sendo um facilitador, principalmente para as crianças que estão iniciando o aprendizado da matemática. No caso dos deficientes visuais, o soroban é um instrumento de aprendizado indispensável e fundamental.
Segue abaixo uma imagem do soroban:
Na imagem temos a demonstração da estrutura do soroban nos dias de hoje, visto que, esse recurso passou por modificações ao longo dos anos (desde a sua implementação no Brasil em meados do século XX).
Cada eixo do soroban contém cinco bolinhas, sendo quatro bolinhas na parte inferior, em que cada bolinha representa o valor 1 (hum) e uma bolinha na parte superior, que corresponde ao valor 5 (cinco). Cada eixo com cinco bolinhas permite a representação dos algarismos de 0 (zero) a 9 (nove). Na régua de numeração do soroban são localizados traços e pontos. Os traços são indicativos de separação de classes ou barra de fração ou vírgula decimal.
Os pontos que ficam sobre os eixos representam as ordens de cada classe. O soroban possui 7 (sete) classes ao todo. Abaixo das bolinhas, há uma superfície ou apoio de borracha, a fim de movimentar as bolinhas, somente quando estas forem manipuladas.
No ensino e aprendizagem do soroban existem dois métodos: o Método Moraes e o Método Bahia. No Método Moraes (adotado pelo Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro), os cálculos iniciam pelas maiores ordens e no Método Bahia, os cálculos 2 começam pelas menores ordens. Atualmente o Ministério da Educação (MEC) reconhece os dois métodos como oficiais no ensino das pessoas com deficiência visual.
As contas de subtração realizadas no soroban pelo Método Moraes são um bom exemplo de como a construção da operação é diferente das contas realizadas no papel, comumente feitas pelas pessoas videntes (termo utilizado para designar as pessoas que enxergam). Nas contas de subtração efetuadas no soroban, o aluno não aprende a retirar, mas somar para se chegar ao resultado. Enquanto nas contas de papel realizamos: 5-2=3 (cinco menos dois é igual a três), no soroban a conta é realizada da forma 2 para chegar a 5= 3 (dois para chegar a cinco é igual a três). Nesse sentido, não estamos retirando, mas acrescentando quantos números forem necessários para alcançar o resultado final. Como para algumas crianças a realização do acrescentar uma quantidade é mais fácil de aprender do que retirar, esse método facilita na aprendizagem.
Cabe salientar que o MEC só oficializou o uso do soroban para o ensino de pessoas com deficiência visual no ano de 2002, permitindo o uso desse em provas de concurso público. Além disso, a partir da publicação da Portaria do MEC número 1.010 de 10 de maio de 2006, o soroban foi instituído como recurso educativo específico imprescindível para a execução de cálculos matemáticos por alunos com deficiência visual.
Sendo assim, objetivamos com esse texto afirmar a importância de reconhecer o soroban como um instrumento de ensino da matemática, que pode ser utilizado tanto por crianças com deficiência visual, como por crianças com outras deficientes e também por crianças videntes. Em nossas experiências em sala de aula, enquanto docentes de uma escola especializada, referência na área da deficiência visual, percebemos a potencialidade que esse recurso tem e como é possível avançar no ensino e aprendizagem da matemática com o uso do soroban.
Principais materiais de consulta:
MEC. PORTARIA MEC nº 1.010, DE 10 DE MAIO DE 2006. Institui o Soroban como um recurso educativo específico imprescindível para a execução de cálculos
matemáticos por alunos com deficiência visual.
Disponível em: http://laramara.org.br/uploads/arquivos/legislacao/portaria-mec-n-1010-2006-Soroban.pdf
VICTORIO, Marta Maria Donola. Sorobã: Revisitando Moraes - o método mais concreto e natural para uma criança aprender matemática. Monografia - Instituto
Benjamin Constant, Rio de Janeiro, 2014.
Disponível no Acervo Bibliográfico do Instituto Benjamin Constant, código de referência número: 17093
1 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), professora do Ensino Básico Técnico e Tecnológico do Instituto Benjamin Constant (IBC).
Email: raffalupetina@gmail.com.
2 Mestre em Educação pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Professora do Ensino Básico Técnico e Tecnológico do Instituto Benjamin Constant (IBC).
E-mail: margaretholegario@gmail.com.